A ideologia separa. Mas o sonho une

Algumas realidades são mais reais, algumas verdades são mais verdadeiras. Mas poucas são tão reais, verdadeiras e eternamente atuais como a seguinte citação:

"Ideologies separate us. Dreams and anguish bring us together"
A ideologia, nos separa. Os sonhos e angústias nos unem
Eugène Ionesco, Dramaturgo (1909 – 1994)

Ideologias, diferentes, pensamentos diferentes, são tudo que nos mantem separados uns dos outros. É o que nos isola, é o que nos faz ter ou não sucessos na nossa vida amorosa. Pois uma ideologia não se limita a politicas e religiões como muita gente pensa.

Uma ideologia é uma linha de pensamento e isso todos nós temos, e todas são diferentes, mesmo porque se fossem iguais que interesse teriam. De que vale todos terem um mesmo ponto de vista. E o pensamento é muitas vezes nosso maior inimigo.

Uma linha de pensamento pode nos levar a solidão, ou até mesmo a perdição. Tudo depende da forma como agimos ou seguimos esta linha de pensamento. A minha até agora pelos vistos levou a solidão. O que é interessante, pois sempre achei que era uma opção, mas agora que paro para analisar, vejo que esse não é bem o caso.

Minha linha de raciocínio, de pensamento, se baseia muito naquilo que meus instintos dizem. Se eles dizem vá em frente eu vou, se dizem pra estar quieto, eu fico quieto. Minha linha de pensamento após passar por vários desgostos, tornou-me demasiado exigente, o que por um lado é bom mas por outro...

Eu deveria ter focado mais na parte que une todo ser humano. No sonho, de companhia, de alegria, de felicidade. Todo ser humano sonha, seja ao dormir (mesmo que não se lembre, ele sonhou), seja no desejo mais profundo que temos e desejamos alcançar. Não importa, se é neste plano físico no subconsciente  ou quem sabe até mesmo em outro plano astral. O sonho une todos nós.

Julguei tempos atrás ter perdido meu norte, ter perdido meus sonhos, ter perdido minha razão e me acomodei com isso. No estilo de "vou viver esta vida no meu canto, mesmo que isolado, afinal assim reduzo a possibilidade de dor". Era o que pensava (desgostos amargosos têm dessas coisas). Mas descobri que isolamento não é lá uma grande solução. Isolamento emocional pode ser útil, mas também nos torna insensíveis, demasiado duros, e algumas vezes até se pode dizer cruéis.

E de dor ninguém escapa, o ser humano tem que se sentir angustiado pra se sentir vivo, tem que sofrer, e sentir dor, pra saber que aquela situação, ou aquela paixão é real. O ser humano não se contenta em ser feliz apenas. Para a felicidade ser real, para ela ter significado, e realmente valer a pena, ela tem que ser conseguida através da dor. É a única forma que o ser humano conhece de para a valorizar.

Eu por acaso me considero um pouco alérgico a dor, seja física ou não. Podem me chamar de louco, mas não gosto de dor, não gosto de angustia, mas hoje sei que ela é necessária, ela é uma ferramenta que deve ser explorada ao máximo. Não digo com isso que quanto mais sofrermos maior será a recompensa no final, nada disso. A balança não funciona desse modo. Se fosse assim era muito fácil.

O sofrimento não deve ser proporcional, nem deve ser igual a quantidade de felicidade que iremos alcançar. Deve apenas ser suportável, pois qualquer coisa que seja insuportável, além de nos fazer enlouquecer, também não ira nos trazer felicidade nenhuma, antes pelo contrario, triplicará nossa infelicidade.

Devemos nos lembrar que sempre, por mais separados que estejamos, por mais isolados e sozinhos, nós não estamos realmente sozinhos, pois existe mais alguém querendo se aproximar de nós com o mesmo sonho, e por muitas vezes querendo construir esse sonho conosco, devemos é estar atentos, e não fechados e isolados dentro de nós mesmos.

Esse é o erro mais comum que cometemos com demasiada freqüência, quando nos machucamos, emocionalmente nós nos fechamos dentro de nós mesmos. Saímos com amigos dizemos que desabafamos com eles, mas na verdade mantemos tudo aqui dentro. Aquela parte que aos poucos vai nos envenenando, fica bem guardada. É a dor, humilhação, traição sofrida, desespero, perda de esperança, fraqueza, aquilo que ninguém deve saber que existe. Nossa vulnerabilidade.

E aos poucos vamos morrendo por dentro, nos isolando do mundo, da pior forma possível, pois é nos tornando frios, sem emoções, "sem coração", sozinhos mesmos cercados por pessoas que só nos querem bem. Auto destrutivos. fazendo loucuras e coisas que sabemos que nos serão demasiadamente prejudiciais. Estive lá uma vez, bem perto de perder toda lucidez, e sanidade, estava me tornando algo que nem meus melhores amigos reconheciam em mim, e preocupando-os com isso.

Ao poucos eu voltei, aos poucos tornei-me eu mesmo novamente. Ainda hoje um pouco isolado, mas não mais auto-destrutivo. Não mais frio e sem emoções, talvez um pouquinho desligado ainda mas não muito. Não foi o lance de o tempo cura tudo, pois eu já disse e repito:

"O tempo não cura nada, o máximo que ele faz é deixar-nos esquecer."

Mas basicamente foi a dor que passou, foi poder enxergar que existe mais gente com os mesmos sonhos, foi perder um fascínio que só me fazia mal, (ela não fazia de forma intencional, era na inocência dela, que sem querer ela prejudicava mais que ajudava) e um monte de pequenas coisas.

Foi ter alcançado meu equilíbrio. E começado a entender como as coisas realmente funcionam, pois tudo possui um motivo, tudo tem sua razão de ser, e tudo tem a hora certa para acontecer. Pois nós nunca estamos sozinhos. Se ainda não estamos com a pessoa que nos foi destinada (sim todos temos um destino, e não estou falando da morte, pois esse não é um destino, mas sim o fim da jornada, o verdadeiro end game). É tão somente porque ela ainda não alcançou o seu equilíbrio, para nos encontrar. Ainda não é a hora dela, pois quando for ela nos encontrará.

Devemos nos lembrar apenas que enquanto "a ideologia pode nos separar. Mas os sonhos e angústias irão sempre nos unir".