Fascínios II - Quando acabam eles podem salvar sua vida

Desaparecimentos acontecem. Dores acontecem. Sangue para de correr. E pessoas... as pessoas dissolvem-se no final da nossa mente. Um fascínio quando acaba, é mesmo isso. Ele desaparece da mesma forma estranha que surgiu. Dói, dependendo da forma como acaba. É como se deixa-se de viver, e seu sangue deixa-se de correr. E aos poucos as pessoas que causaram esse fascínio vão sumindo, se dissolvendo na nossa memoria, e da nossa vida, dissolvendo justamente, aquilo que nos fez ficar fascinados.

Fascínios tem dessas coisas, surgem e desaparecem de forma fulminante. nos encantam e desencantam num piscar de olhos. Por vezes eles tentamos lutar para manter esse fascínio vivo pois ele nos faz evitar ver os defeitos da pessoa pela qual estamos fascinados.

Eu perdi esse fascínio a pouco tempo. Uma pessoa para a qual eu não conseguia dizer não, que desapareceu de minha vida durante muito tempo, e quando voltou eu não via a pessoa em que ela se tornou, mas sim a pessoa por quem havia ficado fascinado. Desnecessário será dizer que esta pessoa acabou por me decepcionar, e de quebra levou uma outra pessoa a me decepcionar no mesmo instante.

Um dos grandes de defeito do fascínio é que quando ele nos encanta. ele nos faz apaixonar. E quando isso acontece, a lógica e tudo que tem nexo no mundo desaparece. Mas quando a traição, decepção, desilusão acontece, e o fascínio se desfaz, nós começamos a ver a luz novamente, sentimos o chão por baixo dos nossos pés, sentimos a sanidade retornar, e aquele não entalado, preso na nossa garganta finalmente consegue sair.

Quando o fascínio por alguém desaparece, é como se fossemos invadidos, por uma sensação de liberdade tão grande, que não queremos outra coisa. E depois nos perguntamos a nós mesmos, o que diabos aconteceu com nós mesmos. Como podemos chegar a tal ponto de quase nos auto destruirmos, e não encontramos a resposta, pois estar fascinado, estar encantado por alguém é isso memo. É dizer adeus a nossa sanidade.

Fascínios podem ser coisas boas, também podem ser positivos, desde que consigamos manter os pés no chão pois mesmo o fascínio por uma ideia, por uma crença, pode ser devastador. Estar fascinado seja pelo que for, ideias, pessoas, crenças. Não importa, no início eles até nos dão energias, e fazemos coisas que nunca imaginávamos, mas coisas positivas. Mas com o passar do tempo, o passar do anos, eles podem nos colocar numa espiral destrutiva, da qual poucos escapam, poucos literalmente sobrevivem.

Meu fascínio, depois de uma enorme desilusão eu curei, depois de uma "traição" eu curei. De certa forma, o resultado negativo acabou dando um fruto positivo, pois devolveu minha sanidade (o pouco que tinha pelo menos) e minha lógica nunca esteve tão boa. Mas não deixa de ser uma vitoria estranha, quando nós somos os únicos que sabemos que essa vitoria foi atingida, mas o bastante pois quem tem de acreditar que essa vitoria foi conquistada somos nós mesmos. Pois as pessoas, que nos fascinavam nunca irão saber, e quem nos rodeia nunca irá entender.

Fascínios, há que se ter cuidados redobrados com eles.